Valdemir Vieira de Sousa nasceu em Aurora-CE em 02 de Setembro de 1952. Filho de Miguel Vieira de Sousa e de Laura Maria de Jesus. De Miguel, seu saudoso pai, recebeu forte influência para construir suas rabecas, como também do seu tio, Joaquim Vieira, irmão do seu pai, e do mestre Antônio Pinto, onde além de influência ganhou também incentivo.
Valdemir faz parte de uma família musical. Seu pai foi tocador e construtor de rabecas. Seus irmãos são reconhecidos músicos da cidade de Aurora, assim como o próprio, que é um amante da música nordestina, paixão que lhe fez comprar e aprender a tocar sanfona. Sempre foi engenhoso e mostrou interesse em construir objetos convencionais como pequenos móveis, utensílios para instrumentos musicais e até mesmo uma bicicleta.
Acompanhado sempre de certa inquietação, comum nos que possuem mente criativa, decidiu construir uma rabeca, onde, segundo ele, gostaria que se parecesse mais com um violino. Valdemir veio a construir três rabecas, todas no ano de 2008. Ao ser perguntado por que não construiu mais, confessou que recebeu críticas por ter colocado tarraxas de cavaquinho em sua composição, e que por conta disso acabou perdendo o gosto em continuar construindo.
A vontade de Valdemir era de fazer rabeca para lembrar do seu pai, não tendo interesse em fazer disso um ato costumeiro em sua vida. Das três que construiu vendeu uma que, segundo ele, por um valor abaixo do normal; doou outra a um irmão seu e ficou com uma de lembrança.
A sua rabeca traz características peculiares e particulares, talvez por ter preferido deixar o visual mais parecido com um violino do que com uma rabeca. Tal decisão resultou em uma rabeca com o corpo plano, sendo que sua medida é 35cm por 20cm; o braço mede 14cm. A madeira utilizada foi brumasa, porém, em sua lateral utilizou outro tipo de madeira a qual não lembra. O arco foi feito de madeira pau d'arco e crina de cavalo, além de um sistema criativo para tencionar as cordas utilizando porca e parafuso. As cordas são de violino. Cavalete e estandarte são feitos também de madeira. Não possui alma. Recebeu uma pintura de tinta automotiva de cor vinho. Na parte das cravelhas, como já foi mencionado anteriormente, Valdemir utilizou tarraxas de cavaquinho. Possui um som bonito, encorpado e abundante.